Josué Apolônio de Castro nasceu em 1908, em Recife, e morreu no exílio em 1973, em Paris. Filho de emigrante que deixou o sertão por causa da seca de 1877 e da filha de um proprietário de engenho de açúcar cresceu próximo a mocambos erguidos em manguezais na capital pernambucana. “A casa ficava à margem do rio, o sítio terminando à beira d’água, ficando em tempo de cheia como uma ilha, como uma fortaleza montada nos altos batentes por onde os caranguejos subiam trepando até o terraço, entrando alguns mais ousados até dentro das salas”, escreveu na crônica Solidariedade Humana, na qual confessa que o período em que morou junto à zona dos mocambos talvez tenha sido o melhor de sua vida.
Iniciou o Curso de Medicina na Bahia, finalizando-o em 1929, na Universidade do Brasil (UB), no Rio de Janeiro, iniciando o exercício da profissão em sua cidade natal. “O problema da alimentação no Brasil” constituiu sua primeira obra literária acerca da temática da fome (1933). Doutor em Filosofia pela UB, escritor, cientista e professor universitário, sua incansável luta contra a fome e injustiça social ganhou repercussão com a publicação da obra “As condições de vida da classe operária no Recife: estudo econômico de sua alimentação” (1935), levantamento pioneiro que serviu de modelo para investigações semelhantes em outros estados e para o movimento pelo estabelecimento do salário mínimo, e ainda, pelo reconhecimento dos direitos dos trabalhadores.
Em 1935, mudou-se para o Rio de Janeiro. Entre 1939 e 1945, além de ter implantado o Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS), ministrou cursos sobre alimentação e nutrição, no Departamento Nacional de Saúde Pública e na Faculdade de Medicina do Brasil. A experiência adquirida com a docência e a prática Clínica, em Recife, bem como seu envolvimento na realização de pesquisas básicas, concorreram para sua iniciativa de fundar o Instituto de Nutrição da Universidade do Brasil, em 1946, sagrando-se seu 1º diretor.
Suas pesquisas e inúmeras publicações, destacando-se Geografia da fome e Geopolítica da Fome, traduzidos para vários idiomas, garantiram-lhe projeção mundial, tendo culminado com sua eleição para Presidente da Organização de Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO), por 2 mandatos consecutivos, entre 1951 e 1955.
Josué de Castro no Conselho Executivo da FAO, 1952
Com o golpe militar, foi exilado em abril de 1964 e viveu seus últimos anos de vida em Paris. Em 2003, recebeu justa homenagem honorífica do Conselho Universitário da UFRJ, por ocasião do aniversário de 30 anos de seu falecimento, resgatando seu papel como pioneiro no movimento nacional contra a miséria e a fome. Em setembro de 2008, foi comemorado o centenário de nascimento de Josué de Castro e em janeiro de 2009, por ocasião das celebrações dos 40 anos de criação do campus Saint Dennis, a Universidade de Paris, onde Josué de Castro lecionou até sua morte, prestou justa homenagem ao colaborador por sua obra e legado à história recente da humanidade.[/vc_column_text]